24.9.09

Como era bom...

Bom dia, pessoal!!

Eu sei, faz tempo que eu não apareço por aqui, mas minhas ganas de escrever voltaram!! weeeeeee...

O texto é meio extenso, mas é bem pensado nos dias de hj... sabe, aquela coisa de velho do como era bom se...(eu to ficando velha, isso é uma verdade), mas a gente tem que para para refletir nas coisas.

Lembro-me de quando era pequena, e que sempre ouvia historias sobre vários bichos, monstros, demonios, anjos e feiticeiros. Coisas estranhas que acontecem aqui e alí, milagres, assombrações, princesas e castelos... coisas vans para mim que nunca conheci a tal felicidade dos contos de fadas (acredito eu que quase ninguém tenha).

O que as pessoas precisam entender é que, contos de fadas não há fadas; elas aparecem sim, mas como uma forma de vida e não uma salvação eterna. Um “feliz para sempre” dos contos nada mais é do que uma frase, afinal, nunca se soube o que acontece com a Branca de Neve depois que seu principe a “salva” do sono da morte e a leva para seu castelo.

Uma vez, li uma adaptação da Rapunzel: toda a historia com os legumes, a torre, a trança... mas era um feiticeiro, um principe e uma familia diferente. O que me chamou a atenção foi que, o feiticeiro (sim, era homem) havia apenas feito uma brincadeira com os pais da Rapunzel – quem leu ou ouviu em algum lugar, deve se lembrar dos desejos da mulher grávida pelos legumes do jardim vizinho - , eles acreditaram e tentaram esconde-la por sete anos, porém, o feiticeiro a encontrou e a raptou. Na historia diz que, por dez anos, os dois ficaram juntos. Até que, num belo dia, chega o principe que fica interessado pela garota, e descobre que, havia muito tempo, um casal tinha reclamado de um bruxo que raptou sua filha. Logicamente, ele conta para a Rapunzel que ela era essa criança e que seus pais ainda estavam vivos e que, por esses dez anos, o feiticeiro mentiu para ela.

A garota, ficou triste e, quando a noite caiu, perguntou ao feiticeiro do porque a ter raptado. O feiticeiro não sabia muito bem o porque e não conseguiu explicar para ela. Cortou-lhe a trança e mandou ir embora com o principe na manhã seguinte, quando viesse buscar-la. Quando o dia nasceu, o principe veio, porém os dois se desentenderam e, na raiva que sentia, o feiticeiro o empurrou da janela da torre. Rapunzel viu tudo e tentou socorre-lo, mas também caiu. Desesperado, o feiticeiro clamou pelos espinhos para que amortecessem a queda da garota.

No final, ela descobre que o feiticeiro a amava. Soube, também, que foi uma escolha de seus pais não terem ido atras dela: o feiticeiro nunca deixou que ela usasse a porta da torre porque estava enfeitiçada para quando os pais da garota viessem, pudessem chamar pelo seu nome, então ela estaria livre (o nome era a palavra-chave para quebrar o encanto da porta). A trança era só uma forma para os dois passarem mais tempo juntos (ela não sabia trançar seus cabelos, o feiticeiro fazia isso para ela todas as noites). Ficou sabendo que o feiticeiro a deixou ir porque ele era um demonio (ele já foi um humano), se ela ficasse, provavelmente não a deixaria envelhecer e morrer como uma pessoa comum; a transformaria em um demonio para que pudessem viver juntos e ele se culparia todos os dias por te-la privado de uma vida normal. Lógicamente, ela voltou para a torre, os dois declararam amor que sentiam e viveram felizes para sempre.

Viu a diferença? Muito mais emocionante do que um principe que só a viu uma vez e se apaixonou por ela e vamos ao castelo lá-lá-lá.

Há muito mais coisas nessa historia, somente coloquei o mais importante dela. Fora outras versões que eu li e vi e que são muito melhores do que as adaptações dos irmãos Grimm (não desmerecendo, mas tem muita coisa que eles deixaram passar). Sabe o porque? Essas sim são historia que ficam em sua mente com significados. Por exemplo: a madrasta da Branca de Neve que tinha lascas de vidro do espelho mágico e as colocava no rei, para que somente seus pensamentos e olhos estivessem voltados para ela; ou então da Chapeuzinho Vermelho, que comeu e bebeu da carne de sua mãe, pois não sabia que o lobo estava disfarçado e sua mãe morta etc etc. Muitas dessas historias ainda refletem nosso cotidiano, porém foram reduzidas a animações da Disney por serem “violentas demais para crianças”. Eu gosto dos desenhos, porém ficaram sem significado algum. Perderam aquela coisa de “cuidado, se você fizer isso, vai acontecer isso” e adquiriram o “seja uma princesa e fique presa na torre” ou “seja um principe e mate um dragão”.

Esses dias, encontrei o livro do Pequeno Principe e comecei a ler (re-ler na verdade, você precisa ler duas vezes esse livro, uma quando criança e outra quando adulto). Uma parte me chamou a atenção: no livro, Antoine de Saint-Exupéry fala que nós adultos perdemos aquele pensamento do todo e passamos a nos preocupar com coisas superficiais. Por exemplo; quando criança, fez ele um desenho de uma jibóia digerindo um elefante. Para todos era um chapéu. Quando fez o segundo desenho, ele fez o que estava dentro da jibóia, mas ninguem entendeu o que era e mandaram ele esquecer essas coisas de jibóias e elefantes. Quando o Pequeno Principe chega e pede para que ele desenhe um carneiro (ele já era adulto quando isso aconteceu), ele re-faz esse desenho da jibóia, mas o garoto olha para ele e diz “Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro”.

Nós perdemos aquela coisa de ver o mundo de uma forma geral, assim como a criança, e passamos a nos preocupar com coisas superficiais, como dinheiro. Não que o dinheiro não seja importante, mas ele preenche nossos pensamentos 24 horas por dia. As vezes esquecemos que vivemos, que precisamos comer, que temos uma familia que precisa da gente... perdemos o significado da “torre”e do “dragão” e não sabemos distinguir uma jibóia digerindo um elefante de um chapéu.

Começamos a pensar diferente e isso, as vezes, é mau. Começamos a ver o que é bom para nossas crianças, mas de um ponto de vista nosso. Esquecemos que fomos crianças, esquecemos como pensavamos e como viamos tudo. Então, educamos as crianças para verem esse ponto de vista nosso e, o mesmo discurso “há sempre coisas mais importantes do que brincar” é dito todas as vezes por milhares de pessoas.

Então, eu digo: não há mal algum em se divertir como uma criança. Não há mal algum em ter responsabilidades de um adulto. O mal está está quando nós não pensamos no significado de tudo na nossa vida e perdemos as coisas boas por causa de outras superficiais. Não devemos permanecer eternamente crianças, temos responsabilidades quando crescemos, mas não devemos ser sempre adultos, há outras coisas a se pensar.

A felicidade dos contos de fadas não existe, mas o significado delas sim. Se eu fosse você, não ficava somente com os desenhos da Disney. Leia, mesmo que você já cresceu ou não tenha filhos. Vale a lição.


bjos da KA

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